Junta de Freguesia de Souro Pires Junta de Freguesia de Souro Pires

Igreja de São Lourenço e São Sebastião

Arquitectura religiosa educativa, maneirista, barroca e neoclássica. Antigo colégio da Companhia de Jesus, de fundação tardia, composto por igreja e dependências colegiais adossadas lateral e posteriormente. Igreja de planta longitudinal, com nave única, três capelas laterais intercomunicantes, transepto inscrito e capela-mor, com coberturas diferenciadas em abóbadas de berço, com caixotões de pedra, escassamente iluminada pelas janelas termais do topo do transepto e pelas da fachada principal, num esquema semelhante ao do Colégio de Jesus, em Coimbra (v. PT020603250001), ambos filiados na estrutura da Casa-mãe da Companhia, a Igreja do Gesù, em Roma. Também a fachada principal tem afinidades compositivas com a de Coimbra, onde se inspirou, com dois registos marcados por entablamento, e estrutura tripartida, definida por pilastras, desenvolvendo-se, em cada pano, uma composição simétrica de vãos alinhados, compostos por portais, janelões, nichos e janelas fingidas. Apresenta torres sineiras, desenvolvidas a partir de aletas no segundo registo, dando a ilusão de escalonamento da fachada, diferindo da solução coimbrã. Interior com coro-alto, capelas laterais com acesso por arco de volta perfeita e coberturas em abóbada de berço com caixotões, de granito, à excepção de uma em talha dourada, com decoração fitomórfica policroma, albergando retábulos neoclássicos idênticos. Os arcos de acesso apresentam vestígios de pintura mural fitomórfica policroma. Nas paredes das naves encontram-se painéis de estuque trabalhado e nas pilastras rasgam-se nichos com imaginária e, no último pilar e com acesso pelos corredores laterais, púlpitos confrontantes em talha neoclássica. No transepto, surge retábulo relicário barroco, profusamente decorado, a envolver a janela termal que ilumina o espaço, semelhante aos dos topos do transepto da igreja de Coimbra. Arco triunfal com monumental composição retabular de granito de organização serliana, com colunas colossais definindo os eixos, em que se integram as pequenas capelas colaterais, encimadas pelas janelas das tribunas. Na capela-mor, o túmulo do fundador em mármore suportado por elefantes, de composição semelhante aos túmulos régios do Mosteiro dos Jerónimos (v. PT031106320005) e aos da Capela dos Castros, em Benfica (v. PT031106390015). Retábulo-mor neoclássico, de planta convexa e um eixo, de talha policroma. Sacristia nova, barroca, com tecto de caixotões de madeira, silhar de azulejos figurativos joaninos, lavabo de mármore e arcaz encimado por oratório de estilo nacional de talha em branco. Dependências colegiais compostas pela justaposição de diversos corpos, formando dois pátios interiores, com acesso por portaria que ladeia a igreja, no lado esquerdo. Na fachada posterior, varanda alpendrada de três registos, suportados por arcarias e colunelos, com tecto de masseira de madeira, em "saia-camisa". No interior, antiga portaria, com silhar de azulejos seiscentistas de padrão, e acesso a escadaria por arco ladeado por vãos de verga recta. Escadaria percorrida por silhar de azulejos seiscentistas de padrão, a partir da qual se acede a longa galeria rasgada numa das paredes por arcos de acesso a pequenos compartimentos. O corpo em torno do pátio principal é percorrido por corredor de circulação de distribuição para as diversas salas e quartos. O edifício conheceu três usuários distintos, que o marcaram a nível planimétrico e decorativo. Para além dos fundadores, o edifício foi casa dos Eremitas Descalços de Santo Agostinho, também conhecidos por Frades Grilos, a partir do último quartel do séc.18, até ao 2º quartel do séc. 19, altura em que se torna seminário diocesano. No conjunto, as dependências colegiais que habitualmente se desenvolvem lateralmente à igreja, surgem posteriormente, devido à morfologia do terreno, diferindo da planimetria da Ordem, apenas com paralelo no inacabado Colégio de Beja (v. PT040205090073). A monumental fachada principal da igreja cria um espaço cenográfico face ao pequeno largo onde se implanta, ajudando a acentuar a sua verticalidade, também conseguida pelo facto da fachada se desenvolver acima da cobertura, criando vãos rectangulares abertos sem funcionalidade. Possui um esquema único de implantação das sineiras, que se desenvolvem a partir dos panos laterais da fachada principal, ligeiramente recuadas e sobre as aletas que flanqueiam o remate. No interior, destaca-se o órgão neoclássico, com as armas dos Agostinhos Descalços, que o implantaram na parede do Evangelho, como é típico nas igrejas desta Ordem religiosa. As capelas laterais têm arcos de acesso com vestígios de pinturas murais, uma delas com cobertura revestida à talha, com caixotões, possuindo estruturas retabulares da presença dos frades Grilos, neoclássicas, subsistindo, apenas, o de Nossa Senhora da Purificação, composição monumental, a envolver a janela que ilumina o transepto, com talha pouco relevada, onde se destacam as imagens de vulto que o decoram e os apainelados com símbolos das letanias marianas, amovíveis em determinadas épocas litúrgicas, deixando antever os relicários do interior. Nas paredes das naves encontram-se painéis de estuque trabalhado e nas pilastras rasgam-se nichos com imaginária. Frontal à Capela de Nossa Senhora da Purificação, surge capela adossada, com decoração neoclássica, integralmente revestida a estuque trabalhado com policromia, decorada com motivos fitomórficos, e cobertura em abóbada de barrete de clérigo com lanternim. O arco triunfal apresenta uma escala um pouco desproporcionada relativamente ao espaço da igreja, com imponente composição arquitectónica maneirista que envolve a típica janela que aparece sobre o arco, mas resultando no único edifício jesuíta que apresenta esta zona do espaço litúrgico muito decorada. Os arcosólios da capela-mor foram adulterados pela introdução de dois órgãos mudos, em talha tardo-barroca, o do Evangelho obstruindo parte da leitura do túmulo do fundador da igreja. O pátio interior secundário, utilizado para exposição de peças arqueológicas, organiza-se como um espaço romano apresentando uma espécie de implúvio.


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